Foto: Lucas Amorelli (Diário)
Grupo de Apoio Recuperando Vidas oferece faz parte da rede Cruz Azul do Brasil e atende Santa Maria e região
"Como foi a sua semana?"
"Como podemos ajudá-lo?"
"Nós entendemos você".
"Não, não pense em desistir".
Geralmente são essas as frases que o metalúrgico Ricardo Blanco Maciel, 40 anos, repete a cada encontro do Grupo de Apoio Recuperando Vidas, que acolhe semanalmente dependentes químicos em recuperação e seus familiares. Os assistidos recebem atendimento psicológico, social e
assistência religiosa de voluntários.
Pastor auxiliar na Igreja Batista Nacional, Maciel conta que já esteve no lugar das pessoas que hoje acolhe, motivo pelo qual conhece a dor sentida por elas. Há 15 anos livre das drogas, ele diz que nunca dispensou acompanhamento e vive cada dia para retribuir todo bem que recebeu.
- Faço parte de um grupo que tem vontade de ajudar, muita fé e apoio da família. Então, "gastamos" nossos dias para fazer diferença na vida de quem precisa recomeçar. Nossas reuniões são de mútua ajuda, onde vivenciamos uma espiritualidade, compartilhamos experiências, choramos juntos e comemoramos cada vitória, sempre com auxílio de Deus - afirma o pastor.
Maciel conta ainda que, quando solicitado, as reuniões estendem-se aos lares dos acolhidos. De acordo com a disponibilidade da equipe, oferecem orientação espiritual, profissional e, se necessário, encaminhamento ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e a Comunidades Terapêuticas.
- Não temos a pretensão de dar respostas ou garantir mudança imediata. Procuramos praticar o verdadeiro cristianismo que nos ensina a amar, não julgar e sermos rápidos em fazer o bem. Minha motivação é ver a alegria de famílias restauradas que encontram na fé em Jesus e no cuidado mútuo uma nova esperança de vida - explica.
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VIDAS TRANSFORMADAS
Foi na infância que o militar
Uesdi Biasi, 28 anos, experimentou drogas pela primeira vez. Depois de inúmeras tentativas de ficar longe dos vícios, ele conheceu o Grupo de Apoio Recuperando Vidas e,
desde então, tem experimentado um novo estilo de vida.
- Na intenção de me ajudar, a
minha esposa, Paula, começou a frequentar o Recuperando Vidas antes do que eu. Um dia, atendi a um convite dela e fui ver como era. Hoje, já percebo o quanto a minha vida melhorou - diz Biasi.
O militar luta contra as drogas
desde os 11 anos de idade. Neste meio tempo, ele conseguiu várias vitórias contra o vício. Porém, reconhece a necessidade de acompanhamento e de apoio para ficar total mente livre.
- Desde que conheci o Recuperando
Vidas, refiz meus projetos que estavam parados. O apoio do grupo tem sido fundamental todos os dias da minha vida - diz Biasi.
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UMA NOVA CHANCE
A administradora Paula Taís
Cavalheiro, 35 anos, conta que buscava uma maneira de ajudar o marido quando soube, por meio
de amigos da Igreja Batista Nacional (IBN), de Santa Maria, que havia um grupo dedicado a prestar assistência a dependentes químicos em recuperação e seus familiares.
- Nossa situação estava complicada. Precisávamos de ajuda. Estou certa de que o primeiro passo é esse: reconhecer a necessidade de apoio. E foi isso que encontrei. Nossa casa hoje é outra - diz Paula.
Para o empresário Carlos Fernando Schlenner Montedo, 37 anos, encontrar pessoas que se dedicam a ajudar outras sem pedir nada em troca é receber uma nova chance na vida. E foi isso que aconteceu com ele há sete anos, quando conheceu o amigo Maciel, que, sem nenhuma espécie de julgamento, aproximou-se e lhe ofereceu apoio.
- Fui usuário durante 14 anos. Hoje, estou limpo e ajudo outras pessoas a enfrentarem esse problema. Fiz muita coisa errada, experimentei vários tipos de drogas e cheguei a passar por casas prisionais - conta Montedo.
Espiritualidade, fé, acompanhamento psicológico e social, apoio da família e força de vontade são fatores que, para Montedo, são essenciais a dependentes químicos que buscam recuperação. Ele afirma que, sozinho, é praticamente impossível vencer as dificuldades causadas pela drogadição.
- Quero retribuir tudo o que recebi na IBN, do meu amigo Ricardo (Maciel) e do trabalho desenvolvido no Recuperando Vidas. Fui liberto, tive outra chance. O que me deixa em pé é a oportunidade de ajudar outras pessoas. Tenho prazer em contar minha história porque sei que este problema não tem cura. Temos que ser acompanhados sempre. Minha noiva, Simone Machado, e nossas filhas fazem questão de ser voluntárias também - afirma o empresário.
Força para mudar de vida é o que o açougueiro Micael Lopes, 24 anos, encontrou no Grupo de Apoio. Ele relata que o trabalho oferecido pelo Recuperando Vidas e o tempo em que foi acompanhado pela Comunidade Terapêutica são os principais responsáveis por ele estar há quatro anos em sobriedade. A exemplo de Maciel e de outros parceiros do grupo, hoje ele é voluntário e agradece a oportunidade de oferecer a outros tudo o que recebeu: acolhimento, amor e ajuda mútua.
- Cheguei a ser internado e diagnosticado com esquizofrenia. Tomava mais de 16 tipos de remédio... Através da espiritualidade, fé, família e amigos do grupo encontrei forças para lutar e venci a doença. Hoje, não sou mais dependente químico - afirma.
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UMA EQUIPE DEDICADA
Maciel destaca que é impossível fazer um trabalho voluntário sozinho. Além dos profissionais que atendem totalmente de graça, ele conta com a parceria da mulher, a corretora de imóveis Paula Rizzatti Maciel, 35 anos, que, com outros voluntários, cuida das crianças, enquanto os pais ou responsáveis frequentam o grupo.
- Paula desenvolve um trabalho específico com os pequenos, uma espécie de extensão do Recuperando Vidas, que tem o nome de Projeto Criança Feliz. Sem Deus, família e amigos não conseguimos prosseguir. Alegra-me saber que, à medida em que são cuidadas, as pessoas acolhidas pelo grupo passam a cuidar de outras pessoas que precisam. Estar à frente do Restaurando Vidas é fazer ao próximo um pouco do que, de graça, recebemos de outros - conclui Maciel.
SOBRE O GRUPO
O grupo de apoio Recuperando Vidas faz parte da rede Cruz
Azul do Brasil e se estende a toda comunidade santa-mariense e da região. As reuniões são realizadas às terças-feiras, das
20h às 22h, na BR-158, 3.502, Km 3, na sede da Igreja Batista Nacional de Santa Maria.
CONTATOS:
- Ricardo Maciel (55) 98147-0106
- Fernando Montedo (98402-3057)
- Igreja Batista Nacional (3223-2166)